Meu Livro

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Vida sem Margens

Leia abaixo o que comentam alguns dos que já leram “Vidas sem Margens”.

Flávia Iriarte

Parafraseando o poema de Paulo Leminski, Alice Casimiro Lopes deve ter passado muito tempo. Quando um livro de estreia chega ao mercado com a força e a consistência de “Vidas sem margens”, entendemos o poder que tem o tempo na criação literária. Parafraseando o poema de Paulo Leminski, Alice Casimiro Lopes deve ter passado muito tempo “carregando pedra”, “levando porrada” , “andando sozinha”, lendo e relendo os autores que ama, escrevendo e reescrevendo os contos que agora você, leitor, tem o privilégio de ter em mãos. Dividido em 4 partes — a dois, a três, a sós, em família — Alice propõe um mergulho ousado e corajoso em si e no outro. O livro privilegia a perspectiva feminina. Não porque os homens não estejam presentes. Eles estão, e são complexos e vários. Mas aqui, as mulheres também abandonam, tomam decisões que causam estragos, quebram espelhos em busca de prazer e autoconhecimento, vasculham memórias e caixas de mudanças recriando as narrativas das próprias vidas da forma como desejam. Em alguns contos, a autora vai além. Em “Edith” e “Abandono dos dias”, Alice vale-se de obras literárias conhecidas e recria suas perspectivas. No primeiro, dialogando explicitamente com o romance de John Williams, “Stoner”, retira a personagem Edith do lugar de esposa monstruosa para lhe dar um lugar mais humano. No segundo, o best-seller de Elena Ferrante é referência clara para a autora criar a história de uma mulher que, depois de anos de vida a dois — uma vida de parceria e admiração mútua, diga-se de passagem — toma a decisão de abandonar o marido. O resultado deste mergulho não se pode traduzir ou explicar. Porque a boa literatura não pode ser dita, precisa ser vivida.

A maioria dos contos de VIDAS SEM MARGENS, editora @editoraoitoemeio, remete a cotidianos da contemporaneidade. Por isso, referências a facilidades tecnológicas, comuns no nosso dia a dia, surgem a todo instante. São termos como blog, podcast e redes sociais. Condizente com o contexto social, no qual se levantam questões como a questão ambiental e a relevância do trabalho, a linguagem de Alice Casimiro Lopes é clara, objetiva e em diversas passagens ganha um ritmo acelerado. Em outros textos existe espaço também para registros de um outro tempo, em que os garotos não tinham acesso à internet e se equilibravam em carrinhos de rolimã. Nesse tempo, comenta a autora, as viagens turísticas ao exterior aconteciam com menor frequência que hoje, e as imagens existentes somente em jornais chegavam aos entes saudosos solitariamente estampadas em cartões postais. Mesmo o ato de fotografar não era tão corriqueiro. Pois é na reprodução de momentos nostálgicos que o ritmo da linguagem moderna de @literatice se desacelera e dá lugar a vocábulos menos adequados à vida atual, além de retratar hábitos em desuso. O contraste é um artifício recorrente na construção dos textos, pois, além de produzir a alternância entre tempos e linguagens, move a gangorra onde contrabalançam ações e sentimentos opostos. No conto “A Mulher Daquela Casa”, despontam pudor versus ousadia, medo versus coragem, respeito versus intromissão, desculpa versus franqueza, mentira versus confissão. A confusão de sentimentos antagônicos e ambivalentes acaba por gerar um clima desconcertante para o leitor, apesar de todo o lirismo da linguagem. É esse o meu conto preferido. Os temas dão conta de aspectos variados das relações humanas, especialmente as amorosas. São eles: infância, sonhos, escolhas, amor, memória, autoconhecimento e o outro, prazer, a noção de felicidade, a vida e o final dela. Os textos maduros compõem uma unidade indiscutível e são divididos em quatro partes: A Dois, A Três, A Sós e Em Família. Boa oportunidade para você se jogar na literatura nacional contemporânea. Eu recomendo!

Mario Marcio Quadros

Desde o lançamento, eu estava lendo este livro. De início, na versão digital. E com ele, lia outros cinco. Aos poucos, o livro da Alice Casimiro Lopes me fez largar os outros e me pediu dedicação absoluta. Raramente um livro me exige exclusividade. No geral, só aos grandes clássicos dou a eles esse direito. Grandes obras eu não leio, namoro cada palavra e expressão; vasculho pontos e vírgulas. Vidas sem Margens nasceu clássico. Com certeza, um dos melhores livros de contos que li nos últimos dez anos. Este livro tem a consistência e o brilho da alta literatura. Recomendo fortemente.

Andreia Fernandes

Dentre os contos lidos em 2022, Vidas sem margens é disparado o melhor! Quem ainda não leu, vale conferir.
Alice, com uma linguagem fluida, mas sofisticada , nos leva a conhecer personagens que refletem nossas angústias, dúvidas, alegrias e esperanças

@Viagem Literal

Quando lemos um livro e falamos sobre personagens humanos, não imaginamos que em alguma outra obra haverá algo ainda mais real e palpável.
E isso acontece em “Vidas Sem Margens”, um livro de contos, dividido em quatro partes e que nos apresenta personagens femininas extremamente impactantes, que buscam forças em seu mais profundo íntimo para vivenciarem suas próprias escolhas.

✨”Preciso recomeçar. Precisa haver um começo. Se não inventamos um, primeiro sujeito depois ação.”

Com uma escrita potente e poética, a autora apresenta histórias que servem de inspiração, outras de reflexão, afinal aqui temos mulheres que buscam o autoconhecimento, o desejo de decidir, o desejo de serem elas mesmas, mesmo diante de tantos obstáculos, e por vezes, angústias e medos. Mas elas são o que são: mulheres de garra, de força e perseverança.

Os contos trazem a perspectiva feminina sobre família, abandono, intimidade e perdas, e é extremamente perceptível o trabalho de pesquisa que a autora inseriu nos textos, pois em cada um deles existe uma realidade intrincada, e que pode facilmente ser apontada ao nosso redor.

✨”Há decisões na vida que, para serem reveladas, exigem razões profundas.”

Sem dúvidas o conto que mais me causou impacto foi o primeiro, com título “Vida Sem Margens”, ele tem uma intensidade sem igual, faz arrepiar!

A escrita da autora é linda, poética, o livro está extremamente bem revisado e diagramado. Impossível não admirar uma obra tão intensa, impactante e bem construída em todos os aspectos.

Cidade das Letras

O vívido cotidiano!
A propósito de Vida sem margens, de Alice Casimiro Lopes.
Eu havia planejado ler um montão durante as férias… Ledo engano! Outras encontros surgiram durante viagens e lá ficaram eles, os livros, olhando pra mim e eu para eles. Mas li. E li coisas boas!
Num dos pousos, pra lembrar o narrador do Ermitão de Muquém, de Bernardo Guimarães, tive a companhia da Alice Casimiro Lopes e suas/seus múltiplas/os personagens de Vidas sem margens (Editora Oito e Meio/2022). Em seu livro de estreia Alice Lopes, uma muita reconhecida pesquisadora no campo da educação, nos brinca com uma narrativa densa e múltipla, demonstrando não apenas domínio da arte mas também uma muito boa consciência do ofício literário.
Dividido em quatro partes (A dois; A três; A sós; Em família) o livro apresenta 20 contos que nos dão a conhecer, pelas bordas (pelas margens?) ou em cheio, múltiplas vidas, personagens e personalidades várias que, cada um/a à sua maneira, vivem, levam ou passam a vida com altivez. As história contadas por Alice Lopes vão conformando uma certa cartografia dos desejos e de possíveis no/do mundo urbano contemporâneo.
Há, em Vidas sem margens, um modo de palavrear sentimentos, pensamentos, desejos, sonhos, decepções, dores, amores… ou seja, a vida vivida no cotidiano, que lembra o tecer de uma colcha de retalhos. Na diversidade, e não na simetria de formato ou cores, dos desenhos vai se constituindo um certo mosaico de experiências que a autora, com maestria, nos faz atravessar, ora em planos mais lineares ora em planos sinuosos e multifacetados.
Gostei muito, particularmente, do conto Concerto para piano e orquestra de violões. Nele, a autora explora com sensibilidade e argúcia as provações e provocações dos sentidos. Não por acaso, este conto me lembrou o livro Sob o sol jaguar, de Ítalo Calvino, em que o autor explora a centralidade dos sentidos na constituição do humano. Ouvir, ver, cheirar, tocar…. é disso que se trata o viver! “A gente come com os olhos, ouve com o paladar…. e é isso que dá sentido aos encontros e a tudo o mais que deles decorrem”, está quase a noz dizer a narradora do conto.
Por fim, penso que o livro de Alice Lopes compartilha com a produção literária contemporânea (mas não apenas, como sabemos) a possibilidade de que a narrativa literária seja, ela também, uma metanarrativa, ou seja, uma reflexão sobre a própria escrita, suas potências e impotências. Ainda que isto seja um exercício explícito apenas no conto que fecha o livro – Últimos dias – a interrogação sobre a escrituração da vida e na vida aparece em outros momentos, permitindo à pessoa que lê, caso ela queira e/ou possa, participar das interrogações postas pela escrita como representação.

Minha primeira vez no Kindle, amando cada conto do Vidas sem margens, @literatice . Ler devagar para sentir cada detalhe, já impactada com as personagens femininas.

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