Contos

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O abandono dos dias

O vendedor de sofás

Uma noite de um mês qualquer, minutos antes do jantar do qual nunca soubemos o gosto, comuniquei ao meu marido a decisão de deixar nosso casamento. Todo amor a dois, aamizade calcada na pele a cada café quente na cama não impediram aquela lucidez. Abandonar o corpo dele, a parceria, a casa, a biblioteca. Doeu imenso perder nossa literatura. Foi nela que procurei quem escrevesse sobre a agonia de enfrentar o sofrimento do outro, o imperativo pesar de dizer amanhã não estarei mais aqui. Só achei o livro sobre o deserto, a certeza de não querer aquela poeira, miragem do bom combate no futuro. Com essa certeza me abracei ao atravessar a porta, bússola para a vida a ser vivida sem os dias que ficaram para trás.

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