Resenha por Alice Casimiro Lopes
Ano da Publicação 2022
Autores:
Pablo Katchadjian.
Editora:
Editora Relicário.
*No livro, Alberto diz: “se eu dissolvesse [o enigma], deixaria de ser enigma e então não poderíamos mais pensá-lo, e eu gosto de pensá-lo”.
*Este livro não é para ser decifrado. É um jogo de repetições de imagens sem regras: não há matemática nele.
*É um livro de ideias, de possíveis decisões.
*O narrador dá aulas junto com Alberto em uma Universidade inglesa, para muitos, símbolo do saber e da razão.
*Os alunos amedrontam e afrontam os professores com perguntas sem respostas, com cobranças, tanto que têm mais de 2 metros e engolem os professores.
*Alberto e o narrador tentam escapar para outros lugares, ou às vezes escapam sem tentar, mas retornam à Universidade inglesa, o que por vezes até os acalma: é um lugar que eles conhecem.
*Entram em situações estranhas (Alberto não se queixa do estranho), que podem ser sonhos ou não, numa repetição angustiante, diz o narrador, principalmente porque não há motivos para permanecer nessa repetição.
*Como na linguagem, repete-se e nunca é o mesmo: são personagens que são e não são, lugares onde se está e não se está; a passagem de um lugar a outro é tão rápida que os lugares deixam de ter margens, se misturam.
*São nítidas as referências ao Princípio da Incerteza de Heisenberg: quando se tenta definir algo, se perde a possibilidade de definir outra dimensão.
*Convive-se com a incerteza e a ausência de sentido de realidade.
*O livro também é inspirado pelo “Que fazer de Lênin?”, questionando a ideia de ser preciso sempre decidir por uma estratégia.
*Como Lênin está mumificado e o narrador vê Alberto como uma múmia, cabe ao Alberto responder o que fazer, decidir onde não há razão obrigatória para decidir (lembra Derrida).
*Se o sistema racional nos exclui, se é trapo velho, é possível não saber e decidir, porque nunca sabemos tudo; ainda assim é preciso decidir, mesmo sem saber tudo, apenas pelo querer.
*Decidir para se contrapor aos fascistas e aos pobres de espírito que querem decidir por nós o que fazer.